Contextualização: O pequeno Pedro de Alcântara ficou órfão de mãe com 1 ano de idade e tinha sido adotado como filho de Dona Amélia de Leuchtenberg, sua madrasta, após a morte de Dona Leopoldina.

Em 1831, o governo de dom Pedro I estava passando por sua pior fase política e econômica. O Imperador foi aconselhado a renunciar e abdicar em favor de Pedro de Alcântara, seu filho que na época tinha somente seis anos de idade.
Após a abdicação, Dom Pedro I e sua segunda esposa a Imperatriz Amélia de Leuchtenberg, foram obrigados a deixar o Brasil na madrugada de 7 de abril de 1831.

Deixando para trás todos os filhos do primeiro casamento de Pedro I. Exceto a filha primogênita, princesa Maria da Glória, Rainha de Portugal. Na noite da partida, Amélia que estava com apenas 19 anos escreveu uma comovente carta ao seu enteado e pequeno herdeiro do trono brasileiro.
“Rio de Janeiro, [abril de 1831]
Meu filho do coração e meu imperador,
Adeus, menino querido, delícias de minha alma, alegria de meus olhos, filho que meu coração tinha adotado. Adeus para sempre.
Quanto és formoso nesse teu repouso! Meus olhos chorosos não se puderam furtar de te contemplar! A majestade de uma coroa, a debilidade da infância, a inocência dos anjos cinge tua fronte de um resplendor misterioso que fascina.
És o espetáculo mais tocante que a terra pode oferecer! Quanta grandeza e quanta fraqueza a humanidade encerra, representadas por ti, criança idolatrada: uma coroa, um trono e um berço!
A púrpura ainda não serve senão para estofo, e tu, que comandas exércitos e reges um Império, ainda careces de todos os desvelos e carinhos de mãe.
Ah! querido menino, se eu fosse tua verdadeira mãe, se meu ventre te tivesse concebido, nenhuma força te arrancaria dos meus braços!
Mas tu, anjo de inocência e de formosura, não me pertences senão pelo amor que dediquei a teu augusto pai. Apenas sou tua madrasta, embora te queira como se fosses o sangue do meu sangue. Um dever sagrado me obriga a acompanhar o ex-imperador no seu exílio, através os mares, em terras estranhas… Adeus, pois, para sempre! Mães brasileiras, vós que sois meigas e carinhosas para com vossos filhinhos, supri minhas vezes: adotai o órfão coroado, dai-lhe, todas vós, um lugar na vossa família e no vosso coração.
Mães brasileiras, eu vos confio este preciosíssimo penhor da felicidade de vosso país e de vosso povo: ei-lo tão belo e puro como o primogênito de Eva no Paraíso. Eu vo-lo entrego: agora sinto minhas lágrimas correrem com menor amargura.
Dorme criança querida, enquanto nós, teu pai e tua mãe de adoção, partimos para o exílio, sem esperança de nunca mais te vermos… senão em sonhos.
Brasileiros! Eu vos conjuro que o não acordeis antes que me retire.
Adeus, órfão-imperador, vítima de tua grandeza antes que a saibas conhecer. Adeus…“

Nessa carta podemos ver nitidamente o mais sincero amor de uma mãe que foi obrigada a deixar seu filho, mesmo não sendo seu filho de sangue, por obrigação e cumprimento da lei. Os filhos herdeiros pertenciam ao Brasil e não ao imperador pai. Dom Pedro I não tinha escolha, só pode levar consigo Dona Maria da Glória porque ela era herdeira rainha do trono de português.
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RIBEIRO, Sabrina. Carta a Dom Pedro II de sua madrasta Amélia de Leuhtenberg. Canal Apaixonados por História – Professora Sabrina Ribeiro, São Paulo, 20 de julho de 2020. Disponível em: https://apaixonadosporhistoriacanal.com/2020/07/20/carta-a-dom-pedro-ii-de-sua-madrasta-amelia-de-leuchtenberg/
Um monarca põe em primeiríssimo lugar os interesses do país e o bem-estar do povo, nem que isso lhe custe a separação de sua família.
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2 respostas em “CARTA A DOM PEDRO II DE SUA MADRASTA AMÉLIA DE LEUCHTENBERG”
Uma paixao por por este canal amo historia maravilha .
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Amo historia do Brasil amo este canal esta carta de Amelia pra Don Pedro é tudo de bom linda demais.
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